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DIVERSIDADE

Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas.

Charles Claplin

 

Diversidade, uma palavra tão simples e de significado tão profundo e amplo a influenciar e transformar todos os campos do conhecimento humano. Diz respeito à qualidade do que é diferente, plural, múltiplo, heterogêneo nos diversos ângulos de visão ou das formas de se viver. Há 7,9 bilhões de pessoas na Terra e todas são irritantemente e criativamente diferentes. Absolutamente nenhuma igual à outra, nem mesmo no tom de voz, quiçá no exercício do livre arbítrio.

É discriminatória a atitude de enquadrar a forma de se viver de maneira absoluta, tentar  forçosamente enquadrá-la numa regra universal, porque quase todas as regras têm exceção, pela variedade das circunstâncias. Não podem ser reduzidas a uma mesma medida e essas exceções não se encontram escritas em livros, mas necessitam ser ensinadas pela capacidade de discernimento de cada situação e o combate sem tréguas a qualquer tipo pernicioso de preconceito.

A sociedade humana produziu uma pluralidade de ideologias, valores, raças, crenças, religiões e culturas, muito em função da necessidade de firmar uma identidade protetora própria, grupal. As diferenças são muitas e não só raciais, culturais ou religiosas. Todos são diferentes e essa diversidade manifesta-se na comunhão dos contrários, na intersecção das diferenças ou na tolerância mútua. A diversidade é, sem sombra de dúvida,  a maior riqueza da sociedade humana. A própria natureza é sábia: sem diversidade biológica não existe evolução, não existe vida.

Apesar dos imensos avanços científicos e tecnológicos do século XXI, há frequentemente casos de pessoas discriminadas por serem pobres, feias, gordas, de cor, deficientes, velhas, homossexuais, entre tantos outros tipos de discriminação. Pertencer a um segmento social de maioria dominante não dá a seus componentes uma carta de alforria que vá de encontro aos princípios elementares de justiça e legalidade.

Violentos conflitos e até guerras mundiais já foram motivados pela difícil arte de conviver e aceitar o pensar e agir, por vezes tão díspares do que se entende ser o certo. O ser humano ao nascer não sabe o que é o sentimento de ódio, mas aprende seu significado ao longo da vida. Pode também aprender a utilizar o amor com maior intensidade que quaisquer outros sentimentos negativos, afinal o sol nasce para todos, mesmo em horizontes de vida distintos.

A sociedade globalizada é levada a exercitar por completo todo dia o processo de aprendizagem diversa, onde cada vez com maior intensidade as diferenças entre os semelhantes ficarão disponíveis em redes de informação. Essa invasão de privacidade ocorre em tempo real, o que torna imperativo canalizar esforços para enxergar e aceitar outras realidades, pontos de vista e valores entre os diferentes, de forma a construir uma mentalidade harmoniosa, que quaisquer que sejam as diferenças humanas, elas não signifiquem algo inferior, preconceituoso e sim parte integrante dos usos e costumes de uma comunidade, que devem ser respeitados e aceitos.

Há uma enorme dificuldade em superar o desafio de conviver-se com as diferenças. O ser humano tende a querer, antes de tudo, o seu próprio bem, ao tentar impor um modelo cultural único e  homogêneo, que o satisfaça. Ele só deve olhar um outro humano de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se, já que a solidariedade e o conhecimento partilhado em igualdade de condições com todos, deve ser a motivação maior de nossa existência. A inclusão é, portanto, o privilégio de conviver com as diferenças, aceitá-las com respeito e positivismo.

A diversidade amplia as possibilidades de escolha que se oferecem a todos. É uma das fontes do desenvolvimento, percebido não somente em termos de crescimento econômico, mas também como meio de acesso a uma existência intelectual, afetiva, moral e espiritual satisfatória.

A diversidade biológica ou biodiversidade de espécies é o resultado do complexo processo evolutivo das espécies nos últimos milhões de anos. Com raras exceções, cada espécie natural que hoje habita a Terra está perfeitamente adaptada e equilibrada para o seu habitat, pois passou pelo longo e difícil processo de seleção da natureza. Representa, assim, o que há de melhor em termos evolutivos para o seu ambiente, já que o processo seletivo, em função de mudanças no meio ambiente, onde o ser humano é seu principal agente, é constante e implacável.

Como foi complicado estar aqui. Somos todos vencedores – viva a diversidade!

Por: Rodnei Vecchia.